domingo, 7 de março de 2010

pré-post.

Quando a noite se arrastava
eu esperava pelo vassalo que devorava nosso tempo
Quando o breu passou como um trem interminavel entre nós
Eu esperava tua luz me fazer enxergar

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Aos meus queridos...


Não me agrada ler Camões
Prefiro tomar um porre dos versos bêbados de Neruda
Ou ainda inalar as teses esfumaçadas de Quintana
Me agrada o velho-novo,
Mais ainda os poemas escritos ao povo
Trovas ralas e sem direção
Onde se sente gritar pulsando
Um louco coração
Seja de Bukowisk os puídos amores
Onde o sentimento toma formato diversos
Gosto de trovas inconscientes
Feitas em bares
Louvo os poetas de batente
Aluídos pelo sol lhes queimando o rosto
Mal amados pelo dito bom gosto
Poetas que sofrem a pobreza
São nesses punhos que meus olhos sentem firmeza

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Stella Mares


Pedras secas
Salgadas poesias
O sol que queima minha fria calma
A musica que eu queria ouvir
E o vento não trouxe
Teus pés negros na areia
Nuvens já azuis de tanto céu
Redes cortando a água indolor
Quem era Stella?
Da criança ao senhor
Fazia meninos-peixes
Ou peixes-meninos
Ondas negras, brancos homens
que vem te comprar
Stella de programas...
Stella da vida
Tuas negras costas carregando castanhas
Teu branco sorriso trazendo alguma canção
Que muda, afugenta o cansaço
Homens que brotam das areias de Stella
Que se desdobram em dois ou três
Pra acordar as manhãs
Ao doce balanço das saias de Stella.

Vadia


Vadia tarde
Vadia mulher que se deitou em meus braços
Vadia lua que se pos em seqüência tornando tudo mortal
Vadia rua que levou a eloqüência, portão de todo animal
Vadias tuas pernas que correram sem ter dó

Vai dia, acaba em outros términos de dor
Vai dia, encontra em outros olhos mais calor
Vai dia, luta pra outro dia desvanecer
Vai dia, empurra mais um luar pra amanhecer
Vai dia, cura todo pecado que adormeceu

Valia culpa de o encarnado entardecer
Valia o ministério de outro corpo aparecer
Valia misérias desesperadas só pra te ver
Valia um pranto, um desencanto
Valia magoa, um copo d’água pra eu não morrer

Pra ser poeta é preciso querer carregar o mundo nas costas... e estar disposto a abandoná-lo a qualquer momento de mãos abanando
Pra ser poeta é preciso contemplar as cicatrizes
inalá-las , revive-las
é preciso ter um apreço imenso pelas coisas pequenas
é preciso não dar bola pra muita coisa
viver em constante contradição
pra ser poeta é preciso amar imensuravelmente alguém
que de repente no dia seguinte nem lembrarás o nome
pra ser poeta é preciso estar distante
andar perdido, errar o caminho
ler linhas tortas
Pra ser poeta é preciso ter um amor eterno
Pelas coisas que ninguém dá valor
É preciso sentir nos dedos o perfume da flor
E ter pra quase tudo uma explicação plausível
Pra ser poeta é preciso inventar um mundo próprio
Onde ninguém jamais irá penetrar
É preciso imaginar
Sonhar
Pra ser poeta é preciso ver o verde em tons de azul
E saber ficar calado
É preciso ser exagerado
E fazer as coisas mais inimagináveis em situações comuns
Pra ser poeta é preciso ter sentimentos maduros, caídos do pé
Pra ser poeta é preciso andar devagar
A passos mansos
Vezes descalço sentir o solo
Lembrar-se de esquecer uma porção de coisas
É preciso levar poucas coisas no bolso
E uma imensa bagagem invisível nas costas
É preciso ter uma beleza estranha
Ser esquisito aos olhos normais
É preciso ter algo a mais
Pra ser poeta é preciso ser um pouco mais ser humano.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Aquieta-te


Aquieta-te, mulher!
Não te vejo em suspiros aliviados
O teu gozo, não vejo
O teu sono vazio de mágoas
É um rio onde minha balsa não passou

Aquieta-te, mulher!
Se é que já és pronta a me ver
Mesurando-te sentado em teus pensamentos
A tua alma não vejo
Não vejo quem és

Aquieta-te mulher!
Se falas me emudeço
E me perco em tuas curvas desaforadas
Em tuas lamurias sem fins nem porque
És uma tempestade onde a chuva nem passou

Aquieta-te mulher!
Enquanto corre e gira e dança
Eu me faço de criança assistindo teu balé
Não te vejo dormindo
Se visse assistia sorrindo o teu pouso pulcro.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

Amores


amores mortos pelo tempo
e outros roubados por tanta insistencia
amores poupados de serem imperfeitos
os mortos não pecam
amores cultivados em cavernas
não se sabe se é amor
ou só é distração
amores que nascem entre as pernas
no erro o acerto no acerto
ilusão
amores doentes
que perdoam punhaladas
frenéticos amores desenfreados
amores amados sem querer
outros banidos de doer
amores descompostos
rejeitados, falsos amores
amores gaiolas,
prendendo as borboletas da paixão
amores osmoses
um dia vou ter um...
amores penosos empuleirados
em nosso peito
amores raivosos
cheios de dentes e gana
amores gazelas
correm soltos por ai
amores primavera
a cada ano brota um
amores que amamos sozinhos
no lento tempo da solidão
amores de outros caminhos
que passamos sem ver, na contra mão.

amores vitória,
e uns botafogo
amores crescidos
amadurecidos, caidos do pé
amores vampiros
e lobotomistas
amores navios que se perdem de vista
bandidos amores
que nos roubam a alma
amores circunflexos
e uns acentuados
amores hipertensos
atacam nosso coração
amores exagerados
são a pólvora da bala
que nos mata sem se ver.




Dedico esse poema a meu amigo, Kennedy Bacelar. Obrigado pelo grande incentivo que você sempre me dá.