quinta-feira, 31 de março de 2011

Minha tristeza


Minha tristeza é contida como um verso despretencioso
E meu sorriso é aberto como teus olhos pela manhã
Minha malicia é covarde como tuas pernas que ficam paradas
E meus devaneios são tão opacos quanto tuas janelas fechadas
Vivo num mundo de recortes e recordações
De abraços partidos
Esperanças secas
Passos fora do tom
Minha crueldade é egoista e só machuca a mim mesmo
Lança-me como uma catapulta aos meus impetuos
Minha inocencia é uma criança inconsequente
Cheia de vontades de costurar azas e sair voando
Vivo num mundo de outono e renovação
Em constante perdição
Em relevante desarmonia
E casos perdidos


Tristeza escrita e pintada por Dani Insk

quarta-feira, 30 de março de 2011

Poema de Agora


Agora está ficando tarde
E perto de ficar cedo outra vez
Comemos o tempo e bebemos toda esperança
O que resta é pressa e uma azul melancolia
Agora meu medo aprendeu a me freiar
E vive paralizando minhas ideias
Perdi-me na casa do receio tutelar
E me encontrei em uma gaveta de sonhos baratos
Agora pouca coisa importa
E tudo tem extremo valor
Divaguei sobre meus valores perdidos
E encontrei alguma inspiração...

fotografia de Lari Schein

Somos


Somos ainda passaros desazados de um verão que passou sem calor
Somos o resto da fornalha que resistiu as chamas
E ainda que lúdicos não podemos mais ser nobres
Depois de tanta poeira o vento me trouxe um sonoro frescor
Não sei se te atingiu, tampouco se pode ver
A ofegância de minha singela honestidade

Somos a cor e o perfume de uma flor que não foi plantada
Somos a marca que não ficou cravada onde ninguém pode esquecer
E ainda somos obliquos como as vielas dessa cidade
Depois de tua face pouco se tornou bonito
Não me importo que discordas, tampouco que te aflinja
A vida das minhas palavras é o teu descaso