
Eu vi o diabo de cara
Eu vi o diabo de quatro
De patas nuas, latas e ruas
De cinco corteses rapazes
Lugares e ares de agosto
Capuzes negros e loros
E ouros e calos maciços
Parreiras e lares movediços
Sem uvas sem vinhos sem sangue
Sofás, nem o cheiro do instante
Um olho se fecha outro abre
Se instala a cigana na morada da vergonha
A aranha na pousada da medonha
Vertigem de subir degraus
Eu vi o diabo bancar uma vida
Que nem ele mesmo podia agüentar
O pobre diabo de rabo arrastando
Teve-me no couro enquanto sorria
E vezes fingia, aflita, que era feliz
E vezes me ria, altiva, do mal que me fiz